A aquarela é uma técnica de pintura que me acompanha há muitos anos desde minha formação como artista plástica. Gosto de sua delicadeza e acasos, e quando ela me convida a não desconsiderar o acidente que sempre traz resultados bonitos.
A aquarela é algo tão portátil que posso carregar uma paleta de aquarela numa bolsa pequena ou nas mãos e ir para qualquer lugar, sentar em algum cantinho e simplesmente contemplar e aquarelar.
Nada me soa mais minimalista: um caderno pequeno, dois pincéis com reservatório de água e uma paleta de aquarela com 10 cores. Pronto! De repente, é isso , eu e o mundo que vejo.
Vejo muitos artistas aquarelistas com suas bolsinhas, sentando no meio do burburinho de gente passando pra lá e pra cá aquarelando em seus cadernos. Você poder carregar consigo esse conforto, esse espaço só seu de captação das belezas e riquezas do mundo e poder carregá-las em suas mãos assim sem que ninguém sequer perceba.
É como um santuário pessoal que se pode carregar, e ele é segredo seu, só seu e das coisas que existem. Gosto disso na aquarela. Gosto dessa coisa de levá-la para tomar café comigo, enquanto capto um objeto, uma cor, um cenário. Graças à Deus ela existe, e posso levá-la comigo sempre que eu quiser!
Esse sentimento é reconfortante quando a alma precisa de espaços para exprimir-se, ou quando ela deseja apreender algo que chamou a atenção, sem dizer que para o artista essa necessidade é constante. Artistas tem olhos inquietos e mãos ativas desejosas de sua matéria.
A aquarela nos submete, porque sempre vai para além de nossa real intenção, mas para obter dela precisão, é necessário um cuidado lento e paciente. O que mais amo na aquarela é que os pigmentos de dissolvem na água, assim como os pensamentos no tempo, assim como o dia nas horas, assim como os amores na lembrança.