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Vida e Arte

  • Foto do escritor: Edneide Assis Amaral/Edi
    Edneide Assis Amaral/Edi
  • 20 de set. de 2019
  • 2 min de leitura

Atualizado: 29 de set. de 2019

As artes são campos das expressões humanas que abrangem contextos, sentidos, necessidades e funções muito complexas. Ao estudarmos as artes não só como linguagens, mas como produções humanas ligadas à uma cultura e época encontraremos desafios pelo caminho.


Ao falarmos das Artes não estamos só nos referindo à produções de imagens, mas de vivências e desejos de representação que acompanham o desenvolvimento humano e sua intensa necessidade de simbolizar.


Antes não havia referência à palavra "arte" no sentido que a compreendemos hoje, mas tão pouco interessaria saber as definições formais quando o que nos move é saber a razão pela qual alguém, dotado de talento, representou as coisas da forma como o fêz. Penso, que nosso problema diante da arte, independente da linguagem, seja nos depararmos não só com o talento e habilidade do artista, mas com o caminho que ele nos faz percorrer diante de sua obra.


Tal caminho provoca sensações e sentimentos inúmeros em nós. Incômodos talvez, bem como sentimentos sublimes. Vale dizer à essa altura, que a arte é uma das poucas coisas na vida que não tem obrigação com valores elevados, e por isso seu caráter livre para falar da necessidade do artista, de um povo ou cultura. Se nos eleva, é porque com ela nos conectamos de alguma forma através de nossas próprias necessidades.


É verdadeiro dizer que a arte amplia nossa experiência de vida, porque ali tudo se torna possível de ser expresso de alguma forma e com uma riqueza e construção pessoal. Ao invés de nos perguntarmos: O que quer dizer isso que o artista fez?" deveriamos nos perguntar: Quem sou eu diante do que vejo, leio, ouço e danço?" - "Que partes de mim dialogam com isso?" ou "Que partes de mim não conseguem alcançar isso que vejo, leio, ouço ou danço?"

Não é dominando as artes que nos relacionamos com elas. Em grande parte, é nos tornando disponíveis em uma relação honesta e generosa que somos capaz de alcançá-las.


Ainda que elas nos provoquem tédio, medo, repulsa e indignação, continua sendo uma relação que fala de mundos e percepções. Ainda que pensemos que artistas são um povo desemcaminhado, precisamos admitir que eles são os únicos que ousam ir à beira do abismo ou aos céus profundos e reluzentes para tornar tudo o que vivemos mais suportável em beleza, intensidade, sentimento e sentido.


Van Gogh se matou, é verdade, mas ele deixou a possibilidade de uma noite estrelada para cada um de nós. Contemplar isso é contemplar toda a pulsação de uma vida internalizada e que transcendeu porque pode materializar-se na expressão de algo que é muito vivo. E não deveria nossa vida ser isso, no final das contas? Uma vida que morre com sentido? Trágico talvez, mas inegavelmente humano.


Deverímos pensar em arte não como algo que devemos aprender e dominar ou entender por via de regras formais,a não ser que assim desejássemos. Pensemos na vida sem música, sem pintura, sem livro para ler, sem palavra para dizer, sem bordado e teatro, sem a dança de um corpo no espaço e sem coisa alguma como possa transcender. Seria insuportável essa vida! Sabendo intuitivamente disso o homem simboliza, busca, expressa, cria e amplifica sua experiência de viver e , de certa forma, se salva.


A Noite Estrelada - (1889) - òleo sobre tela. Vicent Van Gogh


 
 
 

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